quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

passageiro da vida...

O tempo passa
Se não o tempo
As pessoas passam

A vida passa
Se não passa
Passageira ainda é

Nós passamos
E se não passo
Tu não passas
Pois no compasso do tempo
Só passas tu,
Se passo eu

Só chega a ti
Se chega a mim
Só passa o tempo
Se a vida passa

E se passageiro não és,
Sua vida não passa,
Perpassa

No tempo que aqui e acolá
O mundo passa
O que não passa
Há de um dia passar.


Santa Maria - RS, data marcada para sempre (27/01/2013)

Madrugada de um domingo comum
Festas por aí afora
Com pessoas comuns
Festejando a vida

Uma infelicidade
Um pecado que resulta no fim
De repente a escuridão toma conta
E o que antes era festa
Torna-se desespero

Rua dos Andradas, 1925
Santa Maria - RS
O lugar onde a dor tomou o mundo
Onde a única coisa que se ouve
É o silêncio de quem se foi
E o choro de quem ficou

A cor éo preto
O ar é o desespero
O desejo é a justiça

Mais de 230 vidas perdidas
Escurecidas para sempre em meio a melodia

Mais de 230 vítimas
Buscadas por pais, irmãos, amigos, família
Estes ansiando por um último abraço
Um último suspiro
E aqueles, perdidos na vida que foi em vão

Jovens que morreram de maneira aterrorizante
Pais enterrando filhos
Choro formando rios

A ordem das coisas de repente mudou
Nada mais faz sentido
A não ser o terror e a dor

Seguir em frente?
Sim, é preciso
Mas como?

Como seguir com tantas vidas perdidas?
Como continuar vendo pais sem seus filhos?
Como permanecer em meio a tanto terror?

Foram 104 ligações para sua filha
Uma sinfonia de celulares tocando em meio a agonia
Onde pais, irmãos, amigos
Buscavam aqueles que não atenderão jamais

Fumaça assassina
Que acabou com a vida de mais de 230 crianças
Mais de 230 sonhos,
230 amores,
230 esperanças
Que ficaram para trás.

Em segundos a cortina se fechou
A história terminou
E a luz para sempre se apagou

Sim, é preciso seguir a vida
É preciso honrar aquelas que por uma injustiça
Ficaram perdidas
É necessário salvar o país do luto
E zelar para que o filme não se repita!